Nota do Diretor

Embora trate-se de um saga individual, A Floresta de Jonathas é uma metáfora sobre universalidade e regionalidade. O drama de Jonathas é existencialista, questiona o pertencimento a algum lugar ou a algum circulo social.
O diálogo com o resto do mundo é intensificado pela presença de uma personagem estrangeira, vivida pela atriz ucraniana Viktoriya Vinyarska, mas também há um sentimento separatista e poético no ar.
Jonathas sempre fala de sua região como algo fora do Brasil, e refere-se ao país abaixo da fronteira do Amazonas como “lá no Brasil”. É impossível encontrar o Brasil na Floresta Amazônica, ela neutraliza qualquer noção de nacionalidade. Habitamos um espaço de vácuo ou hiato cultural.
É dificílimo haver uma nacionalidade ali, indescritível contracenar com a floresta, mesmo com toda sua beleza ou sua aridez. Ao decorrer do filme a floresta vira personagem, roçando Jonathas, molhando-o, fustigando-o. O resultado e’ um caleidoscópio bucólico, tão bem captado pela fotografia de Yure César e traduzido pela montagem e som de Fábio Baldo.
A cada crescendo da narrativa, podemos entender aos poucos que a visão de mundo de A Floresta de Jonathas não tem fronteiras, nem amarras, e nem simples lições.